Boipeba: a calma menina da Costa do Dendê

Era Carnaval, era Bahia, era axé, babado-confusão-gritaria! Mas antes de começar a festa, fizemos uma parada rápida na tranquila (e linda!) Boipeba, um dos encantos da Costa do Dendê, região que reúne também Morro de São Paulo, Barra Grande e Maraú.

Embarcamos então, minha irmã e eu, para a nossa terceira temporada na Bahia. Como das outras duas vezes fomos à Morro de São Paulo (um dos lugares de praia mais bonitos que já visitei), dessa vez escolhemos conhecer uma ilha nova.

Separamos três dias do pré-Carnaval, nos juntamos aos amados amigos baianos e pé na estrada para conhecer Boipeba, eleita pelo TripAdvisor como a segunda ilha mais bonita da América do Sul em 2013.

Nós não tivemos a sorte de ter dias de céu completamente aberto por lá (tivemos foi chuva em alguns momentos rs), mas ainda assim a paisagem encantou demais.

Organizando a viagem: como chegar e onde ficar

Pela primeira vez na história das minhas andanças, quase não fiz nada, só fui aceitando. Caíque, um dos amigos (que agora se bandeou pras Minas Gerais), escolheu hostel, fez o itinerário de ida e volta e a gente só foi. E foi lindo 🙂

Depois de pesquisarmos sobre o melhor custo-benefício para chegar à ilha desde Salvador, optamos por via terrestre + marítimo e achamos que foi uma ótima alternativa. O combo ficou assim: carro até o Terminal Marítimo de Salvador; ferry boat até Itaparica; 115km de estrada de Itaparica à Valença; lancha rápida de Valença à Boipeba. E ufa! Enfim chegamos!

Ferry Boat
Amanhecer no ferry boat de Salvador à Valença

A viagem toda leva mais ou menos 5 horas, dependendo de como você combinar os horários. Para a travessia de Salvador à Itaparica, vai mais ou menos uma hora. De estrada até Valença, duas horas de viagem com tranquilidade. Depois, no último trecho, mais uns 45 minutos de barco. Como no meio disso tudo ainda tem as burocracias de embarque e desembarque, estacionamento para o carro e tudo mais, então a viagem acaba ficando mais longa.

Tanto a lancha rápida quanto o ferry nós escolhemos reservar pelos sites com antecedência, para garantir as saídas nos horários planejados e sem tanta fila, principalmente no ferry de Salvador. Se você quiser deixar pra fazer tudo na hora, também é possível, mas corre o risco de perder a combinação dos horários e gastar um dia de viagem por isso, então, programe-se!

Um alerta: chegando em Valença, há um assédio muito grande de pessoas tentando arrastar os turistas para os estacionamentos, porque eles sabem que todo mundo precisa de lugar para guardar os carros na cidade. Um dos “vendedores”, inclusive, esquentou pro nosso lado porque recusamos ir para o estacionamento que ele estava promovendo. Foi um sustão! Então, chegue de vidros fechados e não pare. Nós estacionamos na rua do porto, bem pertinho.

Sobre o hostel, Caíque também fez uma excelente escolha! Ficamos no Abaquar Hostel, um casarão enorme, com bons quartos, um café da manhã delícia, preço bom e bem pertinho de tudo! Tá certo que tem uma caminhada razoável desde a Boca da Barra, praia onde chegam os barcos, mas até aí, se entrou na chuva é pra se molhar, né? Aliás, tanto para Boipeba quanto para Morro de São Paulo, a dica é viajar leve, sem tanta bagagem. Mala de rodinhas nem pensar, tá?! rs

cafe-hostel
Café da manhã do Abaquar. Parece hostel?

1º dia – Alguém aí falou em chuva?

É, vocês leram bem: chuva! Pegamos chuva desde o ferry em Salvador, chuva na estrada, chuva na lancha, chuva na ilha. Chuva!

Se tem uma coisa que me deixa muito depressiva quando eu to viajando (principalmente para um paraíso de águas claras) é céu nublado! E depois de uma maratona de 5 horas pulando de carro em barco com mochilas nas costas, gente, eu queria era um solzão de rachar, né? Mas não foi assim que chegamos 😦

Ainda bem que depois do check-in no hostel e de uma boa casquinha de siri no restaurante Aconchego (que tem Wi-Fi), o sol apareceu para nos receber e aproveitamos o restinho do dia na Toca do Lobo, um bar bem legal na praia Boca da Barra, que fica logo depois do porto.

2º dia – Festa, sol e, claro, chuva! rs

Nossa programação do segundo dia começou com bolo e parabéns! Era meu aniversário de 31 aninhos e acordei com festa no quarto. A turma organizou um bolo (com recheio, cobertura e tudo que tinha de direito) e o nosso café da manhã foi na comemoração ❤

bolo
A foto não tá muito boa não, mas o bolo tava uma delícia ❤

Depois já aproveitamos que a chuva deu uma trégua e saímos na caminhada para pegar o trator que leva à Moreré, uma pequena vila de Boipeba, onde tem as piscinas naturais (que não visitamos como deveria, mas vimos rs).

DCIM100GOPROGOPR3524.
Caminhada do hostel ao ponto de saída dos tratores para Moreré

Para chegar lá existem algumas formas: o melhor custo-benefício é o trator, que sai de perto do hostel em que ficamos e custa aproximadamente R$ 10,00 por passageiro e por trecho. O tempo até Moreré é de mais ou menos 30 minutos. Se você estiver próximo ao porto da Velha Boipeba, a caminhada até o ponto de onde partem os tratores é de mais ou menos 15 a 20 minutos, dependendo do pique. Outra maneira é fazer a viagem de barco a partir do ancoradouro ou da praia. O preço é mais salgado e dependendo de como o mar estiver, não rola. Segundo o site da ilha, o valor atual é R$ 80,00 (mais infos aqui). E para os mais dispostos e que estiverem com tempo, também é possível ir caminhando pela praia (o trajeto é de aproximadamente 6km).

Quem optar pelo trator é preciso esperar reunir um grupo de aproximadamente 10 pessoas para a saída, o que é fácil de conseguir na parte da manhã, porque é quando as pessoas saem para a praia. Já na volta é bom ficar atento, porque mais para o fim do dia vai ficando cada vez mais difícil fechar os grupos.

Nós fomos de trator e voltamos de barco, num “achado” que conseguimos já bem no fim do dia rs. Chegamos na ilha de manhã, fomos caminhando até a praia de Bainema (que também é linda) e depois na volta esticamos por Moreré de novo. A ideia era ir às piscinas naturais, mas além do tempo que estava instável, a maré também estava alta e não ia rolar o passeio. Aproveitamos o dia na praia, daí a tarde foi caindo e… adivinha? Meio que perdemos o trator da volta. Mas não poderia ter acontecido coisa melhor! Vimos que tinha um barco partindo e resolvemos negociar uma “carona remunerada” com o barqueiro. E deu certo! O que custaria R$ 50 a R$ 80 por pessoa, saiu por quinzão (R$ 15) e ele ainda fez uma parada rápida nas piscinas, que mesmo com a maré alta e o sol devagar, estava demais! ❤

DCIM100GOPROGOPR3684.
Piscinas naturais de Moreré

E assim foi! Terminamos o nosso dia na Toca do Lobo de novo, que é um point para admirar o pôr-do-sol, e depois repetimos também o restaurante do primeiro dia para o jantar: o Rainha do Mar, que fica na pracinha central. O Rainha é de um argentino, às vezes simpático, às vezes emburrado, onde a comida às vezes é boa e às vezes não, mas tá valendo rs. Ah! Eu não poderia deixar de dizer que levamos dois vinhos para o meu aniversário e ele nos deu uma rolha, mas esqueceu de colocar os camarões na moqueca rs.


3º dia – uma praia de leve e a volta pra casa

No nosso terceiro e último dia, acordamos bem cedo para aproveitar o sol que resolveu dar as caras e fomos para a Boca da Barra, já com as malas para de lá voltarmos para Salvador. Até sair o almoço (delícia!) na Toca, fomos à praia de Itassimirim, que dá para chegar  tranquilamente caminhando. Ainda na Barra, tentamos nos aventurar no stand-up paddle, mas o máximo que consegui foi tirar uma foto deitada na prancha. No mais, meus amores, foi só passar vergonha! hahaha

Vídeo:


Boipeba em dicas curtas

  • Transporte: a nossa opção, que recomendo, é combinar terrestre com marítimo. A viagem dura aproximadamente 5 horas desde Salvador e os preços são bem razoáveis. Ficou um total de R$ 150,00 por pessoa com tudo! O ferry de Salvador à Itaparica custa R$ 45,00 por carro + R$ 5,00 por passageiro (por trecho e durante a semana) – o motorista não paga (ref. abril/2018). Pode ser agendado aqui; a lancha rápida de Valença à Boipeba custa R$ 37,50 por pessoa e por trecho (ref. fevereiro/2017). Também é possível comprar antecipado pelo site; no trecho entre Itaparica e Valença, feito de carro, não há pedágios e um tanque de combustível é suficiente.

 

  • Alimentação: não há muuuuitas opções por lá e por causa da chuva, do cansaço e da preguiça, jantamos os dois dias no mesmo lugar: o Rainha do Mar, do argentino de humor duvidoso rs. Também fomos ao restaurante Aconchego, que fica bem pertinho do ancoradouro. Lá tem casquinha de siri delícia, cerveja gelada e Wi-Fi (excelente considerando que 4G não existe na ilha!). Para bebericar na praia, a Toca do Lobo é a dica.

 

  • Hospedagem: há muitas opções por lá, tanto em Boipeba quanto Moreré. Eu recomendo ter como base Boipeba mesmo. Embora linda, a vila de Moreré não tem muito o que fazer e se hospedar por lá pode ser meio entediante. Nossa escolha foi o Abaquar Hostel, que super recomendo, e para quem preferir pousada, tem a pousada Almaviva, que meus amigos ficaram quando voltaram à ilha em outubro. Ah! Também tem camping para quem for das aventuras. Eu já passei da idade rs.

 

  • Itens básicos: protetor solar, repelente, sandália/chinelo confortável para andar muito e roupas leves. Se tiver máscara de mergulho, leve também! Assim você não precisa ficar pegando babinha dos outros nas piscinas naturais rs. Mas lembre-se: pouca bagagem!

 

  • Quando ir: de agosto a março teoricamente chove menos. Fomos em fevereiro e choveu todos os dias rs. Abril a julho chove muito no nordeste todo, então é bom evitar.

 

  • Combinar destinos: vale a pena combinar Morro de São Paulo e Boipeba? Se você tiver tempo, sim! Mas é importante dizer que provavelmente quem amar Morro de São Paulo não vai curtir muito Boipeba e vice-e-versa. Morro é a ilha glamourosa e agitadinha, enquanto que Boipeba é rústica e calma (à noite, por exemplo, não há opções além de alguns restaurantes no centrinho e só). De toda forma, se quiser aproveitar a viagem e fazer os dois lugares, é possível, mas reserve pelo menos 3 dias para Boipeba e 3 a 4 dias para Morro de São Paulo. Fazer bate e volta para qualquer um dos dois destinos é exaustivo e não compensa (eu já fiz para Morro de São Paulo e basicamente foi o dia inteiro só vomitando por causa do catamarã rs. Três horas para ir de Salvador pra lá, duas horas na ilha e três horas para voltar. Não rola mesmo!).

Deixe um comentário