Brumadinho: do Inhotim ao Topo do Mundo

Pra onde você vai no feriado? Eu vou para Brumadinho. Pra onde? #espanto

Pois é! As pessoas não costumam dizer que vão para Brumadinho. Elas vão para Inhotim. Mas o Inhotim é ‘só’ uma das atrações (e que atração!) dessa cidadezinha que fica encravada na Serra da Moeda, pertinho de Belo Horizonte e, por isso, eu gostaria de dar o crédito que ela merece.

Mas não pense que “dar o crédito que ela merece” significa que a cidade seja super bem estruturada, linda de doer e um agito só. Não, não é. Mas ela é cercada por tanta coisa legal, que até me arrependo de não ter feito de Brumadinho um destino para mais dias.

A nossa curta viagem de 9 de julho começou em Belo Horizonte e foi parar nas cidades históricas de Ouro Preto e Mariana, com uma surpreendente parada em Brumadinho. Quer saber como foi? Bora lá! 😉

A chegada em BH

Pra variar, a viagem de feriado começou com uma Mega Promo da TAM (como não amar? <3), que nos permitiu comprar passagens com preços muito bons para um feriado prolongado (R$ 226,48 GRU > CNF, já com taxas).

Pousamos em BH por volta de 23h50 da quarta-feira, 08, véspera do feriado, e como a locadora de veículos já estava de portas fechadas, tivemos que passar a noite em um hotel próximo ao aeroporto para facilitar tudo no dia seguinte, já que a nossa ideia era seguir cedo para Brumadinho, direto para o Inhotim.

Optamos pelo Comfort Hotel Confins (mesmo que a nossa preferência seja sempre por hostel), porque o aeroporto internacional de BH fica bem longe do centro da cidade (aproximadamente 40km) e chegar até lá custaria mais caro, além de nos tomar muito tempo. Então ficamos por ali mesmo.

Logo ao desembarcar, na pressa de chegar logo no hotel, fomos ao primeiro guichê de taxi e pedimos um carro para nos levar ao Comfort. Quando a atendente me passou o preço eu quase caí de costas (R$ 40,00 para um trajeto de tipo 8km numa mesma pista – o hotel fica na mesma rodovia do aeroporto, só que do outro lado), mas era o que tínhamos naquela hora. A vontade de me dar um tiro, no entanto, foi quando chegamos ao hotel e logo atrás do taxi parou uma van com uma galera que estava no nosso voo. Pois é, o Comfort oferece transfer gratuito a cada 30 minutos, noite e dia (não é demais?!). Eu quis morrer, mas quem nunca errou nessa vida, não é? Superei e dormi (muito bem, aliás!).

1º dia – Partiu Brumadinho (e Inhotim, claro!)

Com uma cama tão boa, foi difícil acordar cedo como estava previsto :-). Mesmo assim pulamos por volta de 8h, tomamos um rápido e delicioso café da manhã com pão de queijo (MG <3) e fomos buscar o nosso carrinho no aeroporto (escolhemos a Hertz como locadora, por ter melhor custo-benefício).

De lá já pegamos os 95km de estrada rumo ao Inhotim, numa viagem de quase 2 horas, entre boa rodovia asfaltada, área urbana, cidadezinhas, estradas de terra, trilhos de trem, rs). Talvez o Waze não tenha nos dado o caminho mais fácil, mas foi tranquilo mesmo assim (dicas de como chegar ao parque também podem ser encontradas na página oficial do Inhotim, aqui).

De BH para Brumadinho (Inhotim)
De BH para Brumadinho (Inhotim)

Chegamos no estacionamento do parque (que é enorme e gratuito) por volta de 11h30 e fomos direto para a entrada trocar os nossos tickets pelas pulseiras que dão acesso ao complexo (para adiantar o esquema, compramos os nossos ingressos dias antes no site do Inhotim. Os preços são melhores para terças e quintas; quarta – exceto feriado – é gratuito; e há meia entrada para todos os dias).

A entrada do Inhotim
A entrada do Inhotim

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Optamos por não comprar o ticket para usar o transporte interno, que custa R$ 20,00 por pessoa para rotas pre-determinadas, mas talvez tivéssemos aproveitado mais com o carrinho (vou explicar mais adiante).

Como tínhamos pouquíssimo tempo dentro do parque, escolhemos visitar as obras mais conhecidas e acabamos não organizando um roteiro inteligente. Fomos por prioridade. A ideia era ir conhecendo primeiro aquelas que mais queríamos ver e as eliminando da lista. Eu estava decidida a não sair de lá sem antes escrever o nome do blog com as letrinhas de Marilá Dardot (A origem da obra de arte, 2002) e viajar no caleidoscópio do dinamarquês Olafur Eliasson (A máquina de ver – Viewing Machine, 2008/09). Só que perdemos tempo demais com os deslocamentos e pernas também. A parte boa é que a botânica do parque é incrível e dá pra curtir (muito!) a natureza em cada uma das trilhas que ligam uma obra e outra.

A origem da obra de arte, de Marilá Dardot (também conhecida como as letrinhas do Inhotim, rs)
“A origem da obra de arte”, de Marilá Dardot
A máquina de ver (Viewing machine), de Olafur Eliasson
A máquina de ver (Viewing machine), de Olafur Eliasson

Completamente perdidas (mesmo com o mapa), visitamos:

  • Viewing machine (2001-2008)
  • The murder of crows (2009)
  • Piscina (2009)
  • A origem da obra de arte (2002)
  • Abre a porta (2006)
  • Rodoviária de Brumadinho (2005)
  • Forty part motet (2001)
  • Invenção da cor (1977)
  • Narcissus garden (2009)

Até que não foi nada mal para quem estava sem o carrinho, sem guia e com apenas 5 horas no parque para descobrir tudo (sozinhas!).

Para quem quer ter uma experiência mais completa e sem tanta correria, a dica é dividir a visita em pelo menos dois dias. No primeiro dia, visitar as obras que ficam na parte de baixo do parque e mais próximas da entrada. Assim dá pra fazer tudo andando, sem o carrinho e, portanto, sem tanta canseira, rs. Já no segundo dia, alugar o carrinho e partir para as obras mais distantes. Evitar feriados e fins de semana também é uma boa (se possível). Nós fomos numa quinta-feira, feriado só no estado de São Paulo. E adivinha? Cheio de paulistas sendo paulistas e fazendo fila em tudo: da entrada aos banheiros.

Mesmo assim saímos de lá com os olhos brilhando!

Visitar o Inhotim é mergulhar num espaço cheio de arte (contemporânea) e natureza e interagir com tudo isso. Pra quem é fã dos dois, tipo eu, dá pra ficar dias e dias lá dentro sem perder a graça.

Para estruturar melhor a sua visita, navegue pelo site do Inhotim e planeje os seus dias por lá. Alguns atalhos importantes eu já deixo aqui: ingresso, mapa do parque e horários.

E para quem ainda não tem planos de ir ao Inhotim mas ficou curioso para conhecer as obras, é só acessar o tour virtual no Google Art Project do Instituto.

Bem, seguindo viagem, saímos do parque (exaustas!) e fomos procurar o nosso hostel em Brumadinho. Não tenho dúvidas de que dormir na cidade foi a melhor escolha.

Poucos minutos de carro e já estávamos no Hostel 70, que fica bem pertinho da rodoviária de Brumadinho. Chegamos, nos instalamos no nosso quarto apertadinho e fomos procurar algo para comer (pensem numa tarefa difícil). A opção mais próxima (quiçá única opção, rs) foi um bar com espetos (bem gostosos, inclusive), chamado Espeteria. Comemos uns espetos, tomamos uma cervejinha e voltamos para o hostel.

Lá conhecemos um monte de gente legal (inclusive duas famílias muito massa que estavam com os filhos pequenos numa viagem por Minas) e ficamos papeando até o sono chegar.

A experiência nesse hostel é legal, porque a maioria das pessoas acabam passando só uma, no máximo duas noites por lá, e o fazem como base de descanso para as visitas ao Inhotim e outros pontos turísticos de Brumadinho. Então todo mundo chega mais ou menos na mesma hora (fim do dia), e logo cedo já saem na sede por arte e natureza. Como na cidade não tem muita coisa (ou nada, rs) pra fazer à noite, a turma se reúne na sala e fica lá trocando figurinhas de como foi o dia, o que cada um visitou e quais foram os seus perrengues, rs. Nós ainda recebemos a visita do Junior, guia especializado em Brumadinho e Inhotim, que nos contou um monte de coisas legais. Achei bem gostoso o bate papo e vi quão importante é ter a companhia de um guia por lá. Dá próxima vez com certeza vou caçar o Junior pra andar com a gente, rs.

2º dia – Topo do Mundo e estrada para Ouro Preto

No nosso segundo dia de feriado as atividades começaram cedo. Acordamos, tomamos um café rápido no hostel e já pegamos estrada rumo ao Topo do Mundo.

Originalmente a passada por lá não estava no nosso roteiro, mas ainda bem que coube, porque foi um dos pontos altos da viagem (literalmente alto, rs).

Desafiamos nosso carrinho 1.0 alugado e o fizemos mostrar toda a força e os roncos de seu motor nunca antes postos à prova, rs. E não é que o bichinho deu conta do recado? Eu é que fiquei com medo, confesso.

Até que a estrada me surpreendeu, porque pensei que fosse tudo bem ruim, de chão batido e cheio de terra e buracos, mas não. Boa parte do trajeto, inclusive a parte mais íngreme, é de asfalto e bem sinalizado. Mas, gente, é uma parede pra subir! E uma parede cheia de curvas.

Quando já estava chegando lá no alto, por um instante voltei a 2013 quando subimos a Cordilheira dos Andes (sem exagero, o negócio é bem parecido, só que sem neve). A diferença é que agora eu era a motorista do carro e isso só me fazia pensar no seguinte: “como é que eu vou voltar?” Eu só pensava em descer aquilo tudo.

Topo do Mundo
Topo do Mundo

Felizmente quando batemos no topo da cordilheira, eu vi que do outro lado, bem mais fácil de descer, havia uma rodovia. Aí eu comecei a rezar para aquela ser a nossa estrada para Ouro Preto. E não é que era? =) Logo que descemos do carro eu perguntei para a primeira pessoa que vi: “por favor, qual caminho pego pra Ouro Preto?” e a criatura abençoada respondeu: “é só seguir naquela estrada ali”. Agradeci e, bem mais aliviada, comecei a desfrutar da maravilhosa vista de lá de cima.

O outro lado da Serra, com a vista para a rodovia que leva para Ouro Preto
O outro lado da Serra, com a vista para a rodovia que leva para Ouro Preto

Além do famoso restaurante, lá também tem a trilha do Topo do Mundo, pela região de Itabirito, e a rampa para decolagem de parapente e asa-delta, ou seja, mesmo para quem não pretende desfrutar da gastronomia contemporânea do Topo, vale muito a pena subir.

Voos de parapente na rampa do Topo do Mundo
Voos de parapente na rampa do Topo do Mundo

Nós, no entanto, caímos nas graças do restaurante e entramos para um almoço.

Como chegamos lá no alto antes do restaurante abrir e numa sexta-feira despretensiosa, conseguimos pegar um lugar na varanda, que é bastante disputada e tem a melhor vista do lugar.

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Almoço com vista no Topo do Mundo

Eu não escrevo sobre experiências gastronômicas e não sou nenhuma expert em comida, então os meus comentários limitam-se a “é gostoso” ou “não é gostoso”. E é gostoso! A comida não é espetacular, mas é boa. E quando se tem uma vista maravilhosa pra complementar a experiência, fica melhor ainda. Nós pedimos uma entradinha e uma cerveja para iniciar os trabalhos e depois fomos para os pratos principais. Sem sobremesa, porque estamos numa dietinha danada, mas achei tudo bem gostosinho e não tão caro como já havia lido por aí (fotos do cardápio – com preços – aqui). Na minha opinião, vale cada centavo.

Depois do almoço ainda ficamos um tempo na rampa assistindo as decolagens de parapente e, minutos depois, continuamos nossa viagem para o destino final: Ouro Preto (post completo sobre OP e Mariana aqui).

Brumadinho (e Inhotim) em dicas curtas:

  • Hospede-se na cidade e dê chances às tantas atrações que vão além do Inhotim (a Serra do Rola-Moça, que não conhecemos, é uma delas)
  • Estando no Inhotim, organize a sua visita para não se sentir uma barata tonta lá dentro e procure dividir o passeio em pelo menos dois dias
  • Dispense sapatos desconfortáveis. Nada melhor que um bom e velho tênis para não judiar dos pés
  • Não deixe de subir no Topo do Mundo, mesmo que não queira ir ao restaurante. A vista de lá é uma das mais bonitas que já vi
  • Alugue um carro ou arranje um viajante motorizado pra dividir os esquemas. Pelo que li, vivi e ouvi, os deslocamentos por lá são bem difíceis sem um carrinho

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