Cancún e Riviera Maya: o paraíso além dos resorts all-inclusive

Sim, o desafio da nossa viagem foi exatamente esse: o que mais tem em Cancún além de resort pé na areia com comida e bebida à vontade? Essa foi a pergunta que me fiz quando começamos a cogitar passar as férias no caribe mexicano. Se gosto de vida boa? Adoro! Mas prefiro explorar as paisagens, a cultura, a história. Viajar, pra mim, é descobrir tudo que faz aquele destino “girar”. É ser gente como a gente que vive ali. É se relacionar com eles. É sentir o quão encantados eles ficam quando você se interessa pelo que eles têm a dizer e a mostrar. Descobri, por exemplo, que quem estampa a nota de 50 pesos mexicanos é José María Morelos y Pavón, herói da guerra da independência mexicana. Fui comprar uma pulseira no centrinho de Bacalar e, ao me dar o troco, o rapaz aleatoriamente me contou rs. Não que isso vá fazer alguma diferença na minha vida, mas não vou mais esquecer. É repertório adquirido.

Mas voltando ao que estávamos falando sobre a escolha do destino: até viver a viagem que vou contar pra vocês nesta série de posts, eu só conseguia enxergar Cancún e arredores como um mundo artificial, uma cidade cenográfica daquelas da rede Globo. Cheguei até a cogitar usar Cancún apenas como trampolim para ir à Cuba, porque a ilha fica a apenas 50 minutos de voo de lá, mas achei que pra 10 dias seria aperto demais.

Comecei a pesquisar. E li, li, li muito. Quando vi, já precisava de 20 dias de férias no México pra conhecer tudo que tinha anotado na lista, mas só tínhamos 10. Holbox, Isla Mujeres, Las Coloradas, Cozumel, Playa del Carmen, Valladolid, Tulum, Bacalar e Cancún foram os destinos que separei, mas não coube tudo.

Casa Bakal, onde nos hospedamos na lagoa de Bacalar

Depois de ler muito, calcular distâncias, tempo e dinheiro, Cristina (minha irmã) e eu priorizamos alguns lugares e fechamos assim o itinerário: uma noite na chegada em Cancún; duas noites em Cozumel (não vá à ilha só para um simples bate e volta); duas noites em Playa del Carmen; uma noite em Bacalar (poderia ter ficado mais naquele paraíso); duas noites em Tulum; duas noites em Cancún. Entre os dois últimos, fizemos um  puxado bate e volta a Las Coloradas, mas que vale muito a visita e todos os quilômetros de estrada.

Las Coloradas, as águas cor-de-rosa de Yucatán

Cada um dos destinos com a sua personalidade, todos encantadores à sua maneira. Me identifiquei mais com uns que outros, mas voltaria a todos.

Quer saber como foi? É só me acompanhar aqui no blog que postarei um a um nos próximos dias.

Deixo aqui algumas dicas que são comuns a todos os destinos.

Sobre o México

A primeira coisa é que assim como o Algarve “não é Portugal”, Cancún também não é México. Eu cheguei pela capital e durante uma conexão de 13 horas, dei umas voltas pela cidade. Além disso, já no lado “caribe”, visitamos muitas pequenas cidades e o que se vê por lá é muito diferente do que se vê em Cancún (principalmente na zona hoteleira, também conhecida como Boulevard Kukulcán).

Eu sempre achei que o México fosse os Estados Unidos falando espanhol, mas exceto Cancún que lembra muito a Flórida (é uma mistura do mundo mágico de Orlando com as praias de Miami), a realidade mexicana é muito parecida com a nossa – se não pior.

Viajamos centenas de quilômetros por estradas que cortam muitas pequenas cidades e povoados e o que vimos foi abandono. Boa parte do nosso percurso foi por rodovias federais, não pedagiadas e, consequentemente, “largadas”. Não víamos radares, não víamos policiamento, não víamos pontos de apoio e quase que não víamos postos de combustíveis também. Resultado? Motoristas imprudentes e, especialmente no trecho de Tulum a Bacalar, um trânsito relativamente perigoso.

Voltando de Bacalar pegamos um acidente na estrada que nos deixou paradas por mais de uma hora. Uma carreta bitrem tombou e, pasmem, não chegou socorro. O próprio motorista foi quem reorganizou o fluxo da rodovia.

Tudo parado por causa do acidente

Tirando essa questão caótica do trânsito, em que, na minha opinião, estamos melhores aqui no Brasil, no geral eles se parecem mais a nós que aos EUA. Somos hermanos del mismo dolor, como me disse um taxista. A gente que lute rs.

Dinheiro

A moeda oficial é o peso mexicano, mas em pontos como Cancún, Playa del Carmen e Cozumel o dólar americano também é muito bem-vindo.

Cédulas de peso mexicano

Eu já havia lido que o melhor era levar o dinheiro em dólares, porque no Brasil não se acha mexicanos com facilidade. Eu até achei, mas custa caro e não compensa.

Troquei nosso dinheiro na Cotação, onde sempre vou (que não exatamente tem a melhor tarifa, mas é mais conveniente), e lá me ofereceram pesos. Fiz as contas na hora e mesmo com duas conversões compensa muito mais pegar dólares aqui e trocar por pesos lá.

Sobre o câmbio, achamos de 16 a 20 pesos por 1 dólar (ref. janeiro/2020). Claro que varia conforme a demanda. No aeroporto, por exemplo, é bem ruim. Nas ruas de Playa del Carmen a cotação também anda conforme o movimento. No miolo da Quinta Avenida, onde estão os restaurantes e lojas, a cotação é ligeiramente pior. Nas pontas, próximo ao nosso hotel (Quinta Avenida esquina com a Avenida Costituyentes) e também no porto de onde saem os barcos para Cozumel, há cotações melhores. O negócio é trocar aos poucos, conforme for usando – mas atenção: passaporte é obrigatório para o câmbio, então não espere ficar sem dinheiro na rua e não estar com o documento ali na hora (sempre deixo o passaporte bem guardado no hotel).

Transporte

Na Cidade do México usei Uber com facilidade, o que não acontece em Cancún. No aeroporto, por exemplo, a conhecida máfia dos táxis é forte e os motoristas de Uber não podem entrar para pegar passageiro. Conseguimos ir do centro pro aeroporto de Uber, mas não o contrário.

Para sair do aeroporto usamos táxis e pagamos absurdos 45 dólares pelo percurso de 20 minutos até o centro. Uma opção, dependendo de onde você for se hospedar, é usar os ônibus da ADO, principal companhia da região. Além deles, que custam 80 pesos ou 6 dólares a tarifa por pessoa, há shuttles também. Nós saímos do aeroporto para o centro duas vezes e em uma delas fomos de ônibus, que vale mais a pena. Seguro, barato e confortável. Eu sempre fico com pé atrás com esses táxis de aeroporto.

De Cancún a Playa del Carmen também fomos de ADO e a passagem custou 84 mexicanos. Há ônibus direto da rodoviária central com saídas a cada 15 minutos e o trajeto leva menos de uma hora (são 70km). Em Playa, o terminal fica bem pertinho da saída dos barcos para Cozumel e dá pra fazer tudo andando por ali, mesmo estando com malas (falarei com mais detalhes nos posts de cada destino).

ADO em Cancún

As passagens da ADO podem ser compradas direto no terminal (conforme disponibilidade) ou pelo site. Além de Playa del Carmen, eles fazem vários outros destinos, inclusive Holbox (Chiquila) e Bacalar. Não há diferença de preços entre guichê e site.

Em geral é possível fazer tudo combinando ônibus, táxis e transferes, mas como nós queríamos ter mais flexibilidade e explorar tudo, preferimos alugar um carro nos últimos 5 dias da viagem – e compensou muitíssimo mais que fazer tudo de ônibus e/ou contratando passeios com agências. A gasolina é cara no México (mais que no Brasil), mas mesmo assim foi mais vantajoso. O litro custa em média 20 pesos, o que equivale a cerca de R$ 4,80 (ref. janeiro/2020), mas pagamos bem barato no carro (tudo bem que ele era basicão, mas serviu para aquilo que precisávamos). Usamos a Rentalcars pela primeira vez e gostamos bastante. O legal deles é que não tem surpresas (custos adicionais) no balcão. Tudo já é descrito no momento da reserva, inclusive o depósito de garantia que é feito no cartão de crédito.

Hospedagem

Há opções para todos os gostos e bolsos. Nós ficamos com aquelas de melhor custo-benefício. Nem luxuosas demais, nem “perrengosas” demais. Em Cozumel ficamos em uma guesthouse no centro; em Playa del Carmen em um hotel bem gostosinho na Quinta Avenida; em Bacalar em uma “pousada” na lagoa com quartos e bangalôs; em Tulum em um glamping, que é um camping de “luxo”; e em Cancún em um hostel excelente no centro. Vou citar todos (com fotos e preços) nos posts individuais.

Viaje conectado

Nós usamos o chip da Easysim4u. Eles têm planos para mais de 210 países e funciona muito bem. Você compra pelo site e recebe no Brasil, o que facilita bastante pra já chegar conectado no seu destino. Ah! E o suporte é em português! Se você se interessar e usar o cupom de desconto “blogviagi” ainda garante 10% de desconto na compra do chip.

¡Hasta luego!

2 comentários sobre “Cancún e Riviera Maya: o paraíso além dos resorts all-inclusive

Deixe um comentário